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29 de dez. de 2007

Grandes Mulheres - JOANA D ´ARC

Filha de uma modesta família camponesa extremamente religiosa nasceu em 1412, na pequena aldeia de Domrémy,. No ano de 1425, aos 13 anos, Joana afirma ouvir vozes divinas as quais ordenavam-lhe que salvasse a França do domínio inglês. A primeira voz, segundo a mesma no depoimento do seu julgamento, era da figura do Arcanjo São Miguel, que anunciou que também viriam a ela Santa Catarina (de Alexandria) e Santa Margarida (de Antioquia), lhe dando assim, instruções de como agir para libertar a França da Inglaterra. Nessa época, vivia-se o período da Guerra dos Cem Anos - e a aldeia de Domrémy ficava diante de uma antiga estrada romana por onde passavam tropas e desde cedo Joana conviveu com os terrores desta guerra; e também havia na época uma profecia muito difundida que dizia que a França só seria salva por uma virgem.
No ano de 1429, depois de 5 anos em silêncio, Joana decide atender as vozes, embora tivesse a consciência de que era jovem, mulher, não era nobre, e não entendia nada de táticas de guerra, mas mesmo assim procurou o capitão Roberto de Baudricourt, que lhe ofereceu uma escolta até a corte do Rei francês - Carlos VII (que ainda não tinha sido coroado). Quando Joana vai conhecer o delfim, aconteceu a famosa entrevista, onde ela o reconheceu entre todos os homens presentes sem nunca antes ter-lhe visto. Foi então que o convenceu a participar das operações que visavam levantar o cerco que os ingleses faziam a Órleans.
Joana recebe uma pequena parte da tropa francesa e segue - vestida com roupas masculinas - em sua missão para libertar a cidade de Órleans, em apenas oito dias derrota os invasores - era maio de 1429. Órleans foi libertada e, no mesmo ano, os companheiros de Joana derrotaram os ingleses na batalha de Patay. Mas não considerava sua missão terminada. Ela desejava ver o delfim coroado em Reims, como a tradição impunha, e Paris retomada. Joana conduz o delfim para a coroação numa longa viagem levando-o até Reims por um trajeto que atravessava, em parte, o território dos inimigos borgonheses. Ele não havia conseguido, porém, entrar em Paris. A atuação de Joana foi fundamental na mudança de mentalidade do exército francês que passa da artilharia para uma concepção de exército nacional.
Em 1430 retomando a campanha Militar, Joana tenta libertar a cidade de Compiégne das mãos dos borgonheses - aliados dos ingleses. Um dia, ao tentar liberar uma ponte que se encontrava em mãos inimigas, nas redondezas da cidade, foi capturada e entregue a João de Luxemburgo, comandante da tropa borgonhesa. A corte francesa não tinha mais interesse na continuidade das batalhas de Joana, e Carlos VII não tomou nenhuma medida para libertá-la.
João de Luxemburgo cedeu-a aos ingleses, que a levaram para Rouen e submeteram-na ao julgamento da Igreja. Joana foi acusada de ter usado roupas masculinas, de ter profetizado, de ter dado certeza de que suas visões eram revelações divinas e de estar convencida de sua salvação. É presa em 23 de maio do mesmo ano e entregue aos Ingleses. Foi processada e submetida a um tribunal católico em Rouen, onde é condenada à morte depois de meses de julgamento. Em 29 de maio de 1431, foi condenada à morte e, no dia seguinte, queimada viva na praça do Mercado Velho - aos 19 anos. Foi acusada de Heresia, Bruxaria e Magia. Em 1456, quando os franceses já tinham recuperado praticamente todo o território nacional foi "reabilitada" ou seja, aceita como cidadã normal perante a sociedade, após a investigação solicitada pelo rei Carlos VII, pelo papa Calixto III e pela própria mãe da jovem, Isabel Ronée. Em 1908, foi reconhecida como abençoada. Em 1920 foi canonizada como Santa Joana D´Arc pelo Papa Benedito XV.
Antes do decrépito século XIX, Shakespeare tratou-a como uma bruxa; Voltaire escreveu um poema satírico ou pseudo ensaio histórico que a ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orleans» ou «A Donzela de Orleans».
Depois da Revolução, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena que jamaias desistiu do retorno do rei. Joana será recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orleans", publicada em 1801. Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena - "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingênua, tornou-se a heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltarm aquela que deu sua vida pela pátria.
Joana d´Arc é a santa padroeira da França, onde o dia de 30 de Maio é feriado nacional. Em sua honra permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma pessoa ainda mesmo que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo adolescente, pastora e analfabeta. De modo que seu exemplo guarda um valor universal.

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